Diário de Bordo do Grupo Arte Simples de Teatro. Sobre a pesquisa e linguagem do grupo, relatos e informações sobre a Residência Artística que realiza na comunidade de Heliópolis desde Março de 2009.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Apresentação dia 21 de junho 2010 - CCCA PAM

Nos apresentamos mais uma vez no CCCA PAM, ao ar livre. Tivemos uma platéia bem grande, composta por muitas crianças que já haviam assistido ao espetáculo em suas escolas ou na quadra comunitária. Explico: o CCCA é um centro para crianças e adolescentes de Heliópolis para crianças pertencentes à comunidade e que estudam em diferentes escolas; lá passam o período que não estão estudando fazendo diversas atividades. 
Então ouvimos várias vezes que já tinham visto a peça em suas escolas, ou nas apresentações que fizemos abertas à comunidade.

Esse fator é ao mesmo tempo frustante e estimulante. Frustante pelo fato óbvio de que não haverá novidade para a platéia que nos assiste pela segunda vez e estimulante pelo fato de que mesmo já tendo assistido, vemos que eles se envolvem novamente, talvez de uma forma diferente, porém igualmente em energia e compenetração.

Porém, nem tudo são flores e no dia de hoje houveram alguns imprevistos... De antemão deixo claro que essa é a minha opinião e TALVEZ de mais algumas pessoas do elenco, e não de todas as pessoas. Somos um grupo grande, e cada um de nós possui diversos tipos de interação em momentos diferenciados do espetáculo. Então a impressão de um ator pode não ser igual a de outro, pois depende de muitos outros fatores pessoais. Hoje escrevo em meu nome e não no nome do todo. Faço isso para dar um outro panorama do que acontece por lá, para que esse blog não vire somente um relato de dias maravilhosos (o que não é mentira: 90% das vezes é maravilhoso!!!)

Sempre lidamos com todos os tipos de platéia, todos os tipos de reações, todos os tipos de envolvimento e interação. No começo era bem dificil fazer o espetáculo no meio do que hoje chamamos de "caos organizado". Aos poucos fomos entendendo que nossa peça trazia essa energia na platéia e que também muitas pessoas nunca haviam assistido a uma peça de teatro até então e não sabem/sabiam como assistir, além do fato principal de que pregamos a liberdade de expressão e o estímulo de pensamentos e ações da platéia. Isso virou o nosso combustível. O que antes era um dificultador, virou um facilitador e um estimulador para nós. Quanto mais barulho, mais energia e interação. Isso foi um processo de entendimento e de aprendizagem para nós.

Mas é claro que em certos momentos, onde a peça vai até eles e não eles até à peça, pode acontecer algum caso de termos pessoas desinteressadas. Afinal, ela não "escolheu" estar lá assistindo.

Isso pode ser uma faca de dois gumes: ao mesmo tempo que levamos o teatro aonde o público está, tiramos dele a escolha de IR ao teatro. E isso pode significar que alguém não queira assistir ao espetáculo naquele momento que estamos proporcionando-o.

E foi isso que aconteceu no dia de hoje. 4 crianças, alheias à peça, jogavam figurinhas e gritavam, entretidas em outra coisa que não era o espetáculo. Outras crianças brigavam com o grupo, pedindo silêncio, querendo assistir. Imaginem o caos. Já passamos por isso diversas vezes e posso afirmar com toda certeza que não temos o ego de achar que todos devem prestar atenção na gente. Porém essa galera estava na PRIMEIRA fila, no gargarejo, na nossa frente! E isso acabou desconcentrando e desconcertando em alguns momentos...

Pq escrevo tudo isso? para dizer que nem tudo são flores, que estamos em Heliópolis há um ano e meio e que no meio de muitas apresentações boas, com total envolvimento da platéia, há dias em que simplesmente algumas pessoas não querem assistir à uma peça de teatro! E que elas têm todo o direito de não querer!!!!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Apresentação dia 14 de junho 2010 - EMEI Cidade do Sol


 E mais uma vez apresentamos nossa peça na EMEI Cidade do Sol. Já chegamos com uma bela recepção dos professores, dos que já haviam assistido ao espetáculo ou então dos que haviam ouvido falar da repercussão da peça entre as crianças...

É muito bom esse clima "caseiro" que se instala quando fazemos mais de uma apresentação no local. Assim criamos uma intimidade com o espaço, com os funcionários, com o clima que a escola possui.


 Essa relação que se dá, antes e depois do espetáculo, não com a platéia, mas sim com a equipe da escola, é muito importante e faz parte do nosso dia a dia em Heliópolis. Criar e estreitar laços foi a forma que encontramos para adentrar com tranquilidade e respeito nos locais  de apresentação. Faz parte da nossa rotina tomar o café que nos é oferecido, compartilhar impressões, saber sobre a história da escola e dos alunos... O teatro abre espaço para as relações humanas, o teatro fala sobre as relações humanas. Sem elas não estaríamos em Heliópolis, não teríamos chegado aonde chegamos.


Tivemos uma linda surpresa ao final, quando uma professora entrou no nosso "camarim" para mostar o desenho que uma criança fez depois de assistir ao espetáculo. Os personagens ficam no imaginário das crianças e para nós isso é muito gratificante.

E para completar o relato, metade do elenco estava debilitado, com algum tipo de dor, gripe, etc, etc... Mas mesmo assim a peça teve um ótimo nível de energia, pois é impossível ficar doente diante de uma platéia tão interativa como é a de Heliópolis. A energia vem dela e volta pra ela, constantemente. A melhor cura para todos as doenças!




domingo, 13 de junho de 2010

APRESENTAÇÃO PARA O PROART - BIBLIOTECA CEU PARQUE BRISTOL - DIA 10/06/2010


 Pela segunda vez fizemos uma apresentação do nosso espetáculo A FESTA fora de Heliópolis. dessa vez nos apresentamos pelo edital PROART, um sistema para cadastramento de eventos artísticos, com apresentações no âmbito da Secretaria Municipalde cultura. Nossa apresentação aconteceu na biblioteca do CEU Parque Bristol. Já conhecemos o coordenador desse CEU e estariamos "em casa".


É muito diferente para nós apresentar o espetáculo num local que não seja Heliópolis, e num dia em que a peça não esteja fazendo parte do nosso projeto "TEATRO EM HELIÓPOLIS". Temos as vezes dificuldade de desvincular o espetáculo à Heliópolis, afinal, foi lá onde essa peça estreou e é lá que nos apresentamos há um ano e meio. Porém é muito compensador para nós vermos o fruto desse trabalho em outros locais, em outros editais, pois assim podemos comprovar que a qualidade artística do espetáculo é relevante, e não somente no projeto artístico-social o qual estamos inseridos.


A apresentação foi muito gostosa e divertida. Tivemos como cenário prateleiras cheias de livros coloridos e como platéia crianças de 4 a 6 anos pertencentes ao CEU Parque Bristol. Pudemos inovar na encenação, na maneira de receber a platéia, pois estávamos num local inusitado que nos deu oportunidades diversas de interação e utilização do espaço.


Temos ainda mais duas apresentações pelo PROART e estamos ansiosos.


sexta-feira, 11 de junho de 2010

FESTIVAL DA PAZ - 07 DE JUNHO DE 2010 E CAMINHADA DA PAZ - 10 DE JUNHO DE 2010


 Nesse mês de junho aconteceu um dos eventos mais importantes de Heliópolis, a CAMINHADA DA PAZ  e junto com ela, o FESTIVAL DA PAZ.

A comunidade inteira se reune para lutar pela paz, num protesto contra a violência em Heliópolis  que já dura mais de 14 anos.

O Grupo Arte Simples participou dos dois eventos, como no ano passado. No festival apresentamos uma breve peça com os alunos da oficina de teatro de terça feira, ministrada por Tatiana Rehder e Andréa Serrano, com alunos da escola Campos Salles. 


Já na caminhada hasteamos nossa bandeira e andamos por Heliópolis com nossos parceiros, alunos e platéia.



Importantíssimo fazer parte desse grande evento pela paz na comunidade. Sentimos que fazemos parte de lá e é também o nosso desejo em manter Heliópolis como bairro educador.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Apresentações do dia 07 de junho de 2010 - EMEI CIDADE DO SOL


 Hoje fizemos duas apresentações seguidas do nosso espetáculo, na versão A FESTINHA, para crianças de 4 a 6 anos.

Apresentar a peça para os pequenos é ter a certeza de muita interação e muito carinho durante e após a peça... Os abraços apertados são combustível para a semana toda!
Mas principalmente, é ter a certeza de que a platéia acreditará e embarcará na viagem da nossa história.

É engraçado que ouvimos todos os tipos de reações após a peça: alguns acreditam que somos mesmo os personagens, já outros sabem que somos atores interpretando um papel. Mas isso não diferencia a platéia que se envolve e acredita na história.

Para cada idade recebemos uma reação, uma troca diferente, durante e após o espetáculo. Não saberia dizer ao certo se individualmente os artistas do grupo possuem alguma preferência em relação à faixa etária. Posso dizer que são platéias diferentes e com atitudes diferentes, mas todas maravilhosas de se relacionar. Algumas mais difíceis, outras mais fáceis. Mas o que é fácil em uma platéia pode ser complicado em outra e assim vamos nos adaptando, sempre.


A real é que, indiferente da idade, a platéia de HELIÓPOLIS é maravilhosa. Quanta troca, aprendizagem e por que não dizer, quanto prestígio conseguimos com essa comunidade que nos acolheu de forma tão aberta...


Nosso projeto artístico está tão associado e mesclado à comunidade que não podemos conceber uma idéia artística sem pensar na platéia para a qual faremos. Heliópolis nos inspira e ajuda a definir e construir  alguns caminhos do grupo, no que diz respeito à criação de novas cenas e de um novo espetáculo que está por vir...


quarta-feira, 2 de junho de 2010

APRESENTAÇÃO DIA 31 DE MAIO 2010 - CCCA PAM



A Luz do Sol como iluminação do espetáculo, o vento balançando os figurinos, as casas de Heliópolis e seus moradores como cenário... Esses foram alguns dos elementos da apresentação que fizemos no CCCA PAM, ao ar livre.

Logo após a montagem do cenário, percebemos que a ventania não deixaria que ele ficasse de pé; uma benção, podemos dizer, pois não haveria cenário melhor do que as casas de heliópolis e seus moradores ao fundo. (Algumas crianças subiram no muro de suas casas e assistiram dali mesmo, outro morador alternava: lavava suas roupas no tanque enquanto assistia ao espetaculo. Essas coisas não têm preço para nós!!!!)

O céu, no início carregado de nuvens pretas, abriu-se durante o espetáculo, num azul forte. Dionísio, São Pedro, alguém ouviu nossos desejos de bom tempo para a peça acontecer.

A platéia, com muitos assistindo a peça pela segunda vez, tinha uma vingança: Dessa vez não se deixariam enganar pela Rainha Má e nem se encantariam pela doçura falsa da princesa. Ouvimos diversas vezes que eles sabiam quem éramos e que não éramos flores que se cheirassem e que iam dar o troco. Mesmo já tendo assistido, algumas pessoas da platéia encontraram maneira de participar ativamente do espetáculo, dessa vez em forma de protestos. Isso também não tem preço para nós!!!!!!! A história marcou, os personagens também e eles não se importaram de ver novamente. Além disso, os que nunca assistiram ao espetáculo participaram ativamente, com olhos e reações de novidade.


Todos esses elementos são energizantes, revigorantes e ficarão eternizados na nossa história.